Projetos do grupo
O grupo de pesquisa desenvolve projetos coletivos e individuais, de pesquisa e extensão.
Confira a lista de projetos e propostas:
(UFSC, UEM/Moçambique, Instituto Superior de Ciências da Educação/Angola, UNILAB/BA, UFS)
Este projeto de extensão está cadastrado no sistema UFSC (Sigpex) e propõe um diálogo entre as políticas linguísticas e a esfera educacional no que tange três elementos interligados: os conceitos de língua e oralidade, as propostas de educação multilingue e os letramentos políticos. Buscamos uma abordagem sensível às realidades locais, criando, em parceria com os sujeitos interessados, projetos que reconheçam a pluralidade linguística, a partir da perspectiva local em diálogo com discursos e práticas institucionalizados. Reconhecemos o papel que a educação escolar desempenha na legitimação institucional de uma língua, daí a importância da escola reconhecer a diversidade a partir dos interesses e visões locais.
Neste projeto de extensão, ao aproximar três contextos educacionais – Moçambique, Brasil e Angola – em que o ensino de língua portuguesa é um elemento fortemente orientador de políticas de letramento, buscamos salientar e dar visibilidade às especificidades educacionais em relação: ao conceito e ao tratamento da diversidade linguística na esfera escolar; ao tratamento e conceito de oralidades e ao papel dos letramentos políticos na formação de estudantes e professores.
Projeto de pesquisa (2020-2023): POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E SÓCIO-HISTÓRIA DAS ORALIDADES INDÍGENAS E AFRICANAS NO BRASIL: IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
(Cristine Severo, UFSC)
Este projeto dialoga com pesquisa PQ da docente Cristine Severo (2017-2020), que buscou analisar as políticas linguísticas missionárias no contexto colonial, com enfoque na relação dos jesuítas com as línguas indígenas e africanas (SEVERO, 2019). A partir disso, julga-se relevante aprofundar os sentidos de oralidade em relação aos conceitos de memória, tradição, corpo, literatura oral e letramento, com fins de compreender a maneira como: (i) as políticas linguísticas implícitas e institucionais abarcam as línguas indígenas e africanas no Brasil colonial e pós-independência; (ii) a oralidade integra o imaginário e as práticas linguísticas no Brasil, ajudando a definir, por exemplo, o que conta como português popular brasileiro; (iii) as políticas contemporâneas educacionais apreendem os significados de oralidade na sua relação com o ensino de língua portuguesa.
Objetivo geral: analisar os sentidos de oralidade indígena e africana, atentando para os significados locais e a relação com as políticas linguísticas.
Objetivos específicos:
- Analisar o sentidos de oralidade indígena nos contextos colonial e contemporâneo, levando em conta perspectivas não-indígenas e indígena.
- Analisar os significados das oralidade bantu nos contextos colonial e contemporâneo, levando em conta perspectivas não-africanas e africanas.
- Destrinchar os significados de oralidade em relação com as noções de prática oral e tradição oral, a partir de perspectivas teóricas e locais, sejam elas indígenas, africanas ou europeias.
- Averiguar os modos de subversão das políticas linguísticas jesuíticas – pautadas nos modelos dos aldeamentos e engenhos – pelos indígenas e africanos, com enfoque na concepção de língua seguindo a cosmovisão desses sujeitos.
- Discorrer sobre o significado da linguagem tomada como experiência, sinalizando para o papel do corpo, da estética, da musicalidade, dos ritmos e da natureza (vida não-humana) na construção de sentidos de língua.
- Refletir sobre a história de formação do português popular brasileiro a partir do conceito de oralidade em sua relação com as heranças africanas e indígenas.
- Refletir sobre a contribuição desta pesquisa para se pensar as políticas educacionais contemporâneas de ensino da língua portuguesa, no que diz respeito à oralidade.
Assim, de forma resumida, a metodologia de pesquisa adotada envolve:
- Revisão bibliográfica e levantamento documental sobre os sentidos atribuídos à oralidade africana e indígena no contexto colonial. Para tanto, serão consultados acervos históricos – acervos jesuíticos e historiográficos – voltados para a experiência colonial no Brasil, em Angola e no Congo.
- Revisão bibliográfica de autores/pesquisadores europeus, africanos e indígenas sobre os conceitos de oralidade, tradição e memória.
- Reflexão teórico-analítica sobre a linguagem tomada como experiência, a partir da perspectiva dos sujeitos indígenas e africanos – e de suas cosmovisões, vinculadas aos usos ritualísticos, estéticos e políticos da língua, o que implica tanto pesquisas orientadas ao campo, como revisão bibliográfica de trabalhos feitos por sujeitos indígenas e africanos sobre suas práticas linguísticas.
- Reflexão sobre as implicações dos conceitos locais de língua para se pensar políticas educacionais contemporâneas, com atenção especial aos sentidos de oralidade em documentos oficiais.
Projeto de pesquisa: ESCRITAS AFIRMATIVAS: REPOSITÓRIO DIGITAL DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS
(Leticia Ponso Cao, Universidade Federal de Rio Grande)
Esta pesquisa – cujo produto final será um repositório digital de produções científicas de estudantes indígenas e quilombolas – dá sequência a um projeto anterior, de acompanhamento pedagógico de seu letramento acadêmico, e está baseada na orientação teórico-epistemológica dos Novos Estudos de Letramento (LEA; STREET, 2006; KLEIMAN, 2005; CANAGARAJAH, 2005) e da Sociolinguística da Escrita (ZAVALA, 2010; 2011). Além disso, adota a perspectiva analítica da Sociolinguística Interacional e Etnografia da Comunicação (GUMPERZ, 1982; RIBEIRO; GARCEZ, 2002), entendendo os usos da escrita como práticas sociais que refletem as relações de poder e as desigualdades – entre elas étnico-raciais -, que se agravam nos contextos de hegemonia das epistemologias moderno-ocidentais (QUIJANO, 2005), especialmente em espaços institucionais acadêmicos. O projeto propõe construir ferramentas metodológicas, analíticas e teóricas para a compreensão das práticas e dos eventos de letramento acadêmico de estudantes indígenas e quilombolas da Universidade Federal do Rio Grande e de outras universidades brasileiras, especialmente em gêneros textuais da esfera acadêmica, como resumos, resenhas, TCCs, comunicações orais, apresentações em seminários e congressos. Assim, este projeto busca contribuir para práticas pedagógicas orientadas para relações educativas antirracistas, decoloniais e contracoloniais tal como vêm sendo propostas em universidades da América Latina no sentido de uma política linguística afirmativa ou reparatória.
Projeto de extensão: REVITALIZAÇÃO E DIFUSÃO DAS CULTURAS GUARANI E KAINGANG EM RIO GRANDE
(Leticia Ponso Cao, Universidade Federal de Rio Grande)
Este projeto de extensão e cultura parte do vínculo de professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande com as aldeias indígenas da cidade (sendo duas aldeias guaranis – Para Roke, cacica Talcira, e Y´yrembé, cacique Eduardo, e uma aldeia kaingang, Goj Tanh, cacique Cláudio) por meio de um diálogo entre o mundo acadêmico e o mundo dos saberes tradicionais, centrado na transmissão oral que preserva conhecimentos acumulados durante séculos no sul do Brasil. Em parceria com o recém-criado Conselho Municipal dos Povos Indígenas – CMPI -, criado pela Lei Municipal nº 8.445 de 07 de novembro de 2019, órgão público para as políticas e ações executadas pelo Município do Rio Grande relacionadas às populações indígenas, este projeto tem como principal objetivo a promoção e a divulgação das culturas kaingang e guarani junto à comunidade por meio de ações de extensão e cultura como mídias sociais, exposições, feiras, vivências práticas, saídas de campo, criações artísticas e artesanais, intervenções, produções escritas, com vistas a um diálogo interepistêmico e uma maior compreensão das culturas autóctones da territorialidade ocupada por esta universidade.
Projeto de extensão: QUILOMBOTECA
(Leticia Ponso Cao, Universidade Federal de Rio Grande)
A construção de uma identidade racial desde a infância e o debate sobre as relações étnico-raciais são essenciais para o enfrentamento do racismo. No ano de 2019, em evento da comunidade quilombola, Bruna Farias e Charlene Bandeira, alunas negras e quilombolas do Curso de Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande, criaram a Quilomboteca, um espaço afrocentrado lúdico e formativo para crianças. O presente projeto propõe a ampliação da ação como espaço contínuo e itinerante de expressão da cultura quilombola, vinculado ao Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre o Bebê e a Infância e ao Grupo de Estudos de Saúde Coletiva dos Ecossistemas Costeiros e Marítimos (FURG) e a diversas Comunidades Remanescentes de Quilombos da Região Sul. Participarão da equipe docentes, alunos de Psicologia e áreas afins e comunidade. A ação é direcionada a crianças convidadas por conveniência. Encontros quinzenais com uso de mídias e recursos lúdicos serão realizados remotamente enquanto durar a pandemia de COVID-19. A equipe realizará reuniões semanais para planejamento e avaliação. Espera-se que a Quilomboteca represente uma forma de aproximar ainda mais as crianças negras de sua história.
Projeto de extensão: OBSERVATÓRIO DO DIREITO LINGUÍSTICO
(Jael Sânera Sigales Gonçalves, IEL/Unicamp; IFSul)